Robert Whitton é um caso extraordinário de um arquiteto muito pouco conhecido, mas cuja qualidade dos projetos de arquitetura se mantém intacta meio século depois. É importante referir que não tem formação académica e que isso não o impediu de ver a sua obra publicada, maioritariamente casas e mobiliário nas mais importantes publicações periódicas de arquitetura dos anos 60 e 70, americanas e europeias.
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Casa Engle de Robert Whitton
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Interior da Casa Engle
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No âmago de Boxborough, Massachusetts, entre 1968 e 1972, Robert Whitton concebeu a Casa Engle, uma residência que transcende a mera função habitacional para se afirmar como uma escultura habitada. Este projeto, embora discreto na sua divulgação, é uma ode ao modernismo escultural, onde a arquitetura se funde com a paisagem de forma quase orgânica.
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A casa como uma escultura |
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Os terraços abertos à paisagem |
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Os volumes sobrepoêm-se como uma escultura |
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Uma rampa produz a entrada ao modo modernista |
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A luz é captada para o interior com cuidado |
A planta em "T" da casa não é um capricho formal, mas uma resposta sensível ao terreno, preservando a topografia e a vegetação existente. Os terraços que se desdobram ao longo da estrutura não são apenas extensões do espaço interior, mas plataformas que convidam à contemplação da natureza envolvente.
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A sala de estar e jantar vista do mezanino |
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A sala de jantar e a varanda dos quartos |
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Os terraços são um prolongamento da sala |
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A lareira da sala num espaço rebaixado com vista para a escada |
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Os pé direito duplo sobre a zona de estar |
O uso expressivo do betão, material predominante na construção, confere à casa uma presença escultórica, onde volumes e vazios dialogam com a luz e a sombra, criando uma atmosfera de introspeção e serenidade. A estética minimalista não é um fim em si mesma, mas um meio para realçar a pureza das formas e a honestidade dos materiais.
A Casa Engle foi reconhecida na publicação "Architectural Record Houses of 1974" e eternizada pelas lentes de Ezra Stoller, fotógrafo que soube captar a essência desta obra singular. Recentemente, a casa foi redescoberta e celebrada em projetos contemporâneos, como a colaboração entre a Zara e o artista Albert Florent, que a incluiu numa coleção dedicada a edifícios icónicos da arquitetura moderna.
Em suma, a Casa Engle é mais do que uma residência; é uma manifestação da arquitetura enquanto arte, um espaço onde habitar é também experienciar a escultura.
Quando no atelier trabalhamos nos projetos de casas, a técnica escultórica de Robert Whitton é frequentemente um tema.