3.25.2022

O Hotel e o Arquitecto Alberto Pessoa

 Muitos Lisboetas cruzam diariamente com um edifício e desconhecem a sua história e a importancia que tem na arquitectura Portuguesa. No final da Avenida Infante santo existe um edifício que apesar de absolutamente extraordinário se encontra votado ao abandono.


A História do Hotel

Em 1955 uma importante empresa de construção de Lisboa de nome F. H. de Oliveira e Companhia Lda decide no terreno que já era sua propriedade e que possuía uma vista extraordinária desde a avenida Infante Santo para o Tejo. A carência de Hoteis na cidade de Lisboa era uma oportunidade que importava aproveitar no momento. 

O arquitecto Alberto Pessoa

O arquitecto Alberto Pessoa destacava-se nos anos 50 pelos edifícios que tinha projectado para a avenida Infante Santo pela sua modernidade e eficiência. Apresentava assim toda uma visão da cidade moderna e da arquitectura contemporânea aos lisboetas. Este facto não passou despercebido e acaba por ser contratado pela empresa F. H. de Oliveira e Companhia Lda para o desenho do seu novo Hotel em Lisboa. O arquitecto Alberto Pessoa ficará mais tarde conhecido pela co-autoria do edifício da Fundação Gulbenkian. 

As valências do novo Hotel em Lisboa

O programa do Hotel é aproveitado ao máximo. A construção do edifício é iniciada em 1956 e terminada em 1957. É classificado como hotel económico de 3 estrelas e oferecia 27 quartos, sendo 5 destes com uma pequena sala ou suite. à data todos tinham banho privativo, telefone e tv. Havia serviços de restauração com café e restaurante, cabeleireiro e lavandaria. 

O conceito de hotel 

É preciso entender que em 1955 o Hotel ainda era visto de um modo conservador e associado a edifícios de arquitectura clássica. O arquitecto Alberto Pessoa acreditava na modernidade mesmo nos edifícios de Hotelaria e a sua visão vai ser concretizada com um verdadeiro ícone do modernismo em Lisboa. O edifício parece levitar sobre um corpo baixo, tornando-se de uma simplicidade arrojada e enriquecendo a diversidade da paisagem de Lisboa..
Ainda hoje, sempre que trabalhamos o conceito de Hotel nos projetos do Atelier Utopia reflectimos neste exemplo. 

A necessária reabilitação do Hotel

Em 1983 O Inatel e o seu Instituto para p Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores compra o edifício e este serve de campos de férias até 1988. Em 1988 o edifício é encerrado por não se adequar às normas de hotelaria vigentes. Lamentavelmente a reabilitação e reconversão do Hotel é adiada e abandonada. O edifício ficará arrendado à Segurança Social que  nunca o utiliza e o abandona por completo. Hoje, propriedade do Inatel, é o exemplo do trabalho que falta fazer de renovação e reabilitação de edifícios em Lisboa.

As oportunidades da Hotelaria

Este edifício mostra as imensas oportunidades da Hotelaria em Lisboa ainda hoje. Neste caso um Hotel temático dos anos 50 poderia ser uma oferta turística que proporcionaria uma experiência única e salvaguardaria o legado do Arquitecto Alberto Pessoa e do fantástico percurso da arquitectura portuguesa contemporânea.
Mas melhor do que ler é ver as imagens do passado e as de hoje. Neste caso o antes e o depois. Só que aqui o depois é mais triste que o antes...



A avenida 24 de Julho e o Hotel em 1957



Vista da entrada do Hotel do Arquitecto Pessoa


A vista do Hotel desde Infante Santo na data de 1957


O gaveto de transito atribulado onde se encontra o Hotel


A Avenida Infante Santo e o Hotel do Arquiteto Pessoa nos dias de hoje.