Faz já muitos anos que vi pela primeira vez uma obra de Rudolph Shindler. Situa-se na Kigns Road famosa via no estado da Califórnia e foi construída em 1922. Frequentada por John Cage, Frank Lloyd Wright, Edward Weston, reunia nela o ambiente cultural vanguardista da sociedade californiana.
Mas curiosamente ou não, ela foi efectivamente desenhada para duas famílias, a famíla Shindler e a família Chace, mas com vista a uma profunda independência para as quatro pessoas que compunham os dois casais. No fundo, Schindler concebe 5 estúdios para quatro pessoas e convidados.
Jardim da Casa Schindler |
Quarto em forma de tenda na cobertura |
Sala comum |
O espaço flui constantemente e desaparece por entre as árvores do jardim. Sentimos a opulência do vazio e parece que viajamos para Katsura. Só que aqui, nesta natureza e nestes espaços, o silêncio é composto por festas e discussões acaloradas pela sociedade boémia californiana.
Schindler é um visionário, na exacta medida em que define ainda hoje o standard daquilo que viria a significar a vivência da casa de luxo. E define-a não só para a Califórnia como para o mundo através de reproduções, interpretações e adulterações constantes de Hollywood.
Schindler é ao mesmo tempo um conservador pois resiste a industrializar a arquitectura, e mantém-se no mundo do artesanato. Decisão essa que lhe valeria uma disputa com Neutra ( Mas isso falaremos um outro dia...)
Cozinha |
Lareira numa das salas |
Mas o que é então o luxo?
O luxo são 330m2 de construção? O luxo é um jardim de 1900m2? O luxo são os materiais? É a madeira de sequóia? São os tecidos de algodão e seda? É um quarto na cobertura com vista para as estrelas? É viver com os amigos numa organização tipo república académica? É ter como amigos os maiores vultos da cultura do nosso século?
Sinceramente, parece-me que sim. O luxo é tudo isto. E creio que não é mesmo fácil fazer algo tão luxuoso.
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