Fernando távora-Quinta da Conceição-Matosinhos-1960
Fernando Távora é sem margem para dúvida um grande arquitecto moderno do XX português. A sua educação arquitectónica com o Mestre Carlos Ramos, seu professor, permitiu-lhe abrir os horizontes para a modernidade. Carlos Ramos não podendo ensinar arquitectura moderna em Lisboa, por diversas razões ( incluindo políticas ) desenvolve no Porto o curso de arquitectura na Faculdade de Belas Artes e convida Fernando Tavora para assistente. Estavam assim criadas as condições para o desenvolvimento da arquitectura moderna em Portugal em geral e a de Távora em particular.
Távora é um dos frequentadores dos CIAM e priva com Le Corbusier, Walter Gropius, Aalto entre outros...
A arquitectura de Távora é mais moderna do que a de qualquer outro arquitecto do século XX por uma razão muito simples: não havia quase nenhuma, isto é, Portugal era um país em que as vanguardas arquitectónicas tinham sido muito pouco ou nada exploradas.
Mas Távora não encara a arquitectura moderna como um modelo a seguir. Daí a sua singularidade. Távora percebe que a arquitectura moderna internacional era um conjunto de tendências que havia que digerir. Pretendia antes projectar a arquitectura moderna em Portugal, mas ARQUITECTURA PORTUGUESA. Essa é a sua grande lição de modernidade. Num certo sentido Távora já é um pós-moderno...tão moderno que era...
Se olharmos para a Quinta da Conceição em Matosinhos, verificamos o quanto este arquitecto português foi influenciado pela arquitectura minimalista de Barragán, pela arquitectura japonesa (grande fonte de inspiração das vanguardas do norte da europa), mas também pela arquitectura popular portuguesa e da sua deliciosa e cuidada relação entre a construção, a paisagem e a topografia.
A construção e a arquitectura moderna em Portugal ganham com Távora um rumo e um sentido. A arquitectura da modernidade poderia agora sair de Portugal para o mundo...e não somente o contrário.
2 comentários:
Olá! Quando no texto escreve "Se olharmos para a Quinta da Conceição em Matosinhos, verificamos o quanto este arquitecto português foi influenciado pela arquitectura minimalista de Barragán(...)" tem por base alguma referência bibliográfica? Se sim, importam-se de divulgar por favor? Eu também defendo a mesma prespectiva e sei que o pavilhão de Ténis tem influencias da arquitectura tradicional japonesa mas tenho as minhas duvidas quando ao uso das cores visto que FT regressa da Viagem financiada pela Gulbenkian a 12 de Junho de 1960, ano em que findam as Obras na Quinta.
Viva Bruno,
Foi o próprio Fernando Távora que me disse ainda em vida.
Ele visitou todas as suas o bras no México.
E sim a arquitectura japonesa e chinesa também o fascinava.
Aliás o oriente foi a par com a imagética industrial a fonte estética do modernismo.
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